quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Carne valis?

Amadas Leitoras e Caros Leitores, coloco para a vossa apreciação um conto novinho em folha, escrito por este autor. Comentem sobre ele e matem as saudades de meus malucos contos...
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A carne vale?

André era um garoto diferente. Ele não gostava de praia, de balada, de bebida, de encontros, de grupos de estudos e de pepino. Contudo, ele gostava de ir à Igreja. Todo domingo ele se dirigia, aonde quer que esteja, seja no litoral, seja no campo, ele percorria o caminho para a Igreja e participava da missa.

Ele era muito engajado em sua paróquia: participava de vários grupos, como a Pastoral Litúrgica e era cerimoniário (uma pessoa que ajudava o padre durante a missa e zelava que a missa ocorresse bem).

Todo domingo um grupo de garotas, incluindo Gabrielle, conversava no portão perto da Igreja que André freqüentava. Mesmo estando perto da Igreja, elas nunca quiseram entrar. Fizerem a 1ª. Comunhão porque seus pais as obrigaram. Era um grupo de amigas que desejava curtir sua juventude ao máximo. Nunca perdiam uma festa, uma balada, um homem, seja ele quem fosse: mais velho, mais novo ou da mesma idade.

Era um domingo quente e o grupo de garotas estava conversando sobre quem era a mais conquistadora dentre elas. Uma gabava-se que beijara dez em uma noite. A outra que conseguia o mais bonito da festa. Outra dizia que os caras na balada sempre queria dançar com ela. Gabrielle, neste momento, levanta-se dizendo que era a mais conquistadora por causa de seu corpo. Ela faz uma pose, tentando se mostrar, porém consegue esbarrar no pobre do André que andava distraído em pensamentos e derruba seu caderno ao chão.

“Desculpe” diz André a Gabrielle. Ela retribui com um “não foi nada” e volta para a rodinha de amigas. André, desajeitado, recolhe seu caderno e continua seu caminho até a Igreja.

André estava distraído em pensamentos e andava rumo à Igreja. Em seu caderno, tinha as anotações que fizera da última reunião da Pastoral litúrgica e precisava passar para os outros. Também pensava em como arrumar o domingo do feriado de carnaval para poder viajar rumo ao litoral, quando distraidamente bateu numa garota durante o caminho. A única coisa que viu dela foi os cabelos vermelhos. Voltou aos seus pensamentos: ele não gostava de praia, mas viajaria para o litoral e não iria para a praia, ficaria no apartamento de seu tio jogando vídeo-game com seu primo, e no domingo iria para a missa numa Igreja lá perto.

As meninas riram de Gabrielle, que desajeitada que era, esbarrara no “beato”, apelido que deram a ele. E começaram a falar que ele sempre passava por ali no domingo para ir à Igreja.

Era o domingo do feriado do carnaval. Gabrielle desceu com suas amigas para o litoral, mais precisamente São Vicente. Elas iriam acompanhar o bloco que percorria a cidade. Estavam se divertindo muito naquela tarde ensolarada. O bloco passava pela orla da praia de Itararé, perto da Ilha Porchat. As outras amigas estavam aproveitando os gatos que tinha no bloco, enquanto Gabrielle estava mais ao fundo, para falar a verdade, era uma das últimas, que andava distraída pela música. Estava virando uma esquina, rumo a outra praia quanto alguém esbarrou nela.

“Desculpe” disse um homem da mesma idade que ela, possuidor de cabelos castanhos desgrenhados. “Não foi nada” respondeu. Quando ela reparou no homem, até o achou bonito, mas ao o ver subindo a escadaria da Igreja que existia na esquina, descobriu que se tratava do beato. Gabrielle ficou inconformada que o garoto ia à missa até mesmo no Carnaval, mas continuou a seguir o bloco.

André estava distraído em seu caminho, admirando a beleza do mar. Ouviu um barulho ao longe, mas não prestou atenção. Estava a atravessar a rua para chegar à Igreja quando esbarrou numa mulher ruiva. Logo pediu desculpas e seguiu seu caminho.

Terminada a missa, André estava enfezado pelo bloco ter passado com todo aquele barulho no meio da homilia, atrapalhando o que o padre explicava. Ele descia as escadarias, entretido em pensamentos quando esbarrou em alguém. Desculpe, disse. Porém a resposta que ouviu o surpreendeu: “eu o estava esperando”. Era uma mulher ruiva, que ele já tinha visto antes.

Gabrielle estava pensando no que vira. Como uma pessoa consegue pensar em Igreja no carnaval. E isso martelava em sua cabeça durante todo o trajeto do bloco. A sua sorte foi que o bloco passou novamente em frente à Igreja em que entrara André. Ela resolveu falar com ele.

“Como você consegue pensar em Igreja no carnaval?” perguntou Gabrielle. “Eu gosto de ir à Igreja. O que realmente vale? A carne vale? Para mim o que vale é o ser por inteiro, tanto o corpo quanto a alma. E vou apresentar-me, sou André.” Respondeu o garoto. “Chamo-me Gabrielle. O que você vai fazer agora, André?” inquiriu a ruiva. “Andar um pouco pela orla e admirar esse oceano, esta praia e depois voltar para onde estou hospedado.” respondeu contemplando a praia. A última coisa que ouviu de Gabrielle foi um “você é doido”.

Já era o domingo após o carnaval e a rodinha de amigas discutia o que fizeram e aconteceram no litoral. Passou André. Uma das garotas falou se o beato soltou a franga durante o carnaval. Gabrielle contou que encontrou com ele no litoral e disse que ele somente contemplava a paisagem e foi à missa. Uma outra menina propôs um desafio á Gabrielle: “se você é a mais gostosona de todas nós, conquiste o beato e fique com o título”. Gabrielle aceitou e começou a traçar a sua estratégia.

Passou um ano e novamente era o carnaval. Daquela Igreja em São Vicente saía André. Mas ele esperava alguém que saía da Igreja. Era Gabrielle. Decidiram andar um pouco e contemplar a natureza.

Boa Apreciação!

2 comentários:

Srta. Smilla disse...

Uh, muito interessante.

André = Glauber?

Beijo e estou com saudades (espero que Gabrielle não seja mais querida que as suas queridas leitoras!)

Sinayoma disse...

Bom, como a Srta. Smilla, eu também creio que o André seja igual ao Glauber! Hahahaha

Creio que encontrarei todos vcs hoje na USP, né!
Muita saudade de todos!

Beijinhos